bater punho


Entrevista de Miguel Gonçalves ao jornal i.

Este indivíduo tão rapidamente ganhou popularidade como num instante a perdeu. Eu que nunca achei grande piada ao estilo (falar muito e dizer pouco) estou agora rendido à frontalidade do senhor. Não que diga nada de novo, mas diz aquilo que apesar de toda a gente pensar ninguém vem dar o peito às balas. E ainda por cima faz parte do governo. Um aplauso.
Selecionei algumas das coisas que ele disse na entrevista capazes de suscitar ódio e raiva avulso por parte de muita gente (mas não gente de bem, acredito).

Um senhor de 45 anos que trabalhou 25 anos na banca. Só conhece a banca, só trabalhou na banca. Recusa-se a trabalhar em qualquer outro mercado. O que sugiro a essa pessoa é que, ponto número um, consiga perceber de que forma as suas competências podem ser aproveitadas noutro mercado ou, ponto número dois, e porque ainda tem 20 anos de trabalho pela frente, aprenda a fazer outra coisa.

Eu não considero que o problema do desemprego é dos desempregados, estou a dizer é que a solução para o desemprego é dos desempregados. Essa é que é a grande diferença. E, se calhar, pode chocar dizer isto, mas muitos dos que estão desempregados, estão desempregados porque, ponto número um, não querem trabalhar e, ponto número dois, são maus a fazê-lo.

Às vezes, as pessoas pensam que os desempregados são pessoas extraordinariamente focadas, profissionais, rigorosas, cheias de fibra, de atitude e competência. Não são. É mentira.

De repente, sempre que falamos de desemprego, parece que nos esquecemos dos fenómenos das pessoas que vão às empresas pedir para carimbar no IEFP. Essas pessoas existem e são aos milhares.

Não tenho problemas nenhuns em dizer que há muita gente em Portugal que não trabalha porque não quer, porque não sabe trabalhar ou porque não tem as competências necessárias. Não é um mito, é o que eu vejo e me transmitem todos os dias. Mas, ao mesmo tempo, também vejo muitos que vão curar o cancro, há muitos que vão competir com o Google.

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