scouting peniche

Há posts que faço com algum interesse, outros com muito pouco ou nenhum, mas os meus favoritos são os "scouting". São os mais difíceis e os que eu gosto mais de escrever. Faço sempre um enorme esforço para que saiam totalmente corretos, o que se tem revelado impossível. Mas a exploração no terreno e a pesquisa nos livros complementam-se e são uma forma de por à prova tudo o que aprendi desde que em pequeno me comecei a interessar pela história da cidade.

Vou fazer um breve resumo do que se passou nos últimos episódios:


scouting #1 atouguia medieval



Neste primeiro passeio tentámos imaginar a Atouguia na época em que era um importante porto medieval, e chegámos à conclusão de que com poucos conhecimentos de arqueologia não é das aventuras mais fáceis.



Neste terreno encontrámos vestígios de diferentes épocas de ocupação, que remontam até há dois mil anos atrás, o que prova a riqueza que há em Peniche debaixo dos nossos pés.



Desta vez percorremos o fosso no dia do arranque oficial das obras e comprovámos a evolução das pontes que atravessaram o fosso, com a certeza de que um dia mais tarde também as estruturas hoje construídas serão consideradas arcaicas e substituídas por outras mais evoluídas.



Desta vez fomos percorrer o sub-valorizado sistema defensivo da cidade, tendo em atenção de que cada vez que o percorremos há menos para ver sem que ninguém se preocupe muito com isso.



E finalmente fomos descobrir os inúmeros moinhos que preenchem a península. Com recurso a plantas antigas tentámos descobrir as suas origens e ainda descobrimos que o autor fala muito de proteção do património mas os seus antepassados não se coibiram de mandar um moinho às urtigas para fazer uns trocos.

Isto é tudo muito lindo mas eu tenho andado a ver a Casa dos Segredos e acho que falta alguma emoção ao blog.
Por isso, vou pedir aos leitores que me indiquem o próximo caminho a percorrer (na coluna da direita).

Se acharem que há algum a escapar-me, indiquem-mo por favor.
Se tiverem mais dados sobre os percorridos ou a percorrer, também agradeço.

azar


Artigo da Sábado.
Miguel Vilar percorria a A5 quando uma pedra da calçada salta do pavimento e o atinge na cabeça, deixando-o um mês em coma.
Ana Maria Freire passava debaixo da ponte 25 de Abril quando em virtude de obras no tabuleiro lhe cai um parafuso em cima. Levou cinco pontos e nas mudanças de tempo sente dores e comichão na cabeça.
Alberto Gonçalves estava sentado num parque público quando uma árvore desaba deixando-o à beira da morte. Esteve três semanas em coma, deixou de poder trabalhar e hoje anda com dificuldade.
Comum a todos os casos: a justiça absolveu todas entidades responsáveis e as vítimas tiveram de acartar sozinhas os custos das hospitalizações e todos os outros danos provocados.

Ou o país foi criado a uma sexta-feira 13 e está condenado a uma maré que nos ataca sem que possamos fazer nada para o evitar ou a justiça portuguesa é tão eficiente a apurar responsabilidades como uma motosserra a aparar a barba.

sossego #9

Vou estar fora por uns tempos. Feliz Natal!
Direto na SIC Notícias sobre a manifestação contra a extinção das freguesias.
Repórter: O que vem aqui dizer ao Presidente da República?
Popular: Chamar-lhe todos os nomes!

a solidariedade dos europeus vs a solidariedade dos portugueses

Como sabemos, o resgate à Grécia foi combinado em Abril de 2010, altura em que por cá se falava ainda do PEC I e se vendia a ideia que um resgate financeiro às contas públicas era algo totalmente desnecessário.

Lembrei-me de ir procurar a reação dos portugueses ao saberem que em média cada família teria de emprestar 534 euros à Grécia.

  • Comentário feito por:Luisa Baião
  • 04 Maio 2010
Uma vida inteira os pobres a trabalhar é para isto? temos de sustentar os vampiros nacionais e os de fora? Arre! é demai
  • Comentário feito por:C Craveiro
  • 04 Maio 2010
Tal como cá o descalabro deve-se sómente a maus governantes. É só esbanjar o que há e não há. Carlos Craveiro - Évora
  • Comentário feito por:João Pereira
  • 04 Maio 2010
Um país rico, onde o salário mínimo é menos de 500€, vai "ajudar" o pobre, onde o salário mínimo é de cerca de 700. !?!?
  • Comentário feito por:armindo
  • 04 Maio 2010
ajudo a grécia com muito gosto! já agora podem receber-me nas férias sem pagar mais nada que seja comida e alojamento??

Estes são só quatro exemplos do que se encontra por aqui.
Curiosamente, não encontrei ninguém a rejubilar com os juros que ia receber nem ninguém a dizer que isto fazia parte de um grande castigo que visava empobrecer os gregos.

A Europa é pouco solidária? O objetivo da Europa nunca foi ter metade dos países a pagar e metade a receber. A Europa limita-se a apagar fogos antes que peguem fogo à casa, senão qualquer dia o euro vale tanto como um cotonete.
Pena que muitos portugueses não queiram ajudar nem ser ajudados. Se estes forem a maioria, Portugal está mesmo a mais no projeto europeu.

sossego #8

hoje


O que vai acontecer é mais ou menos isto mais explosões, ETs, dragões, meteoritos a cair como granizo e outras cenas maradas.
Vistam roupa que se possa sujar.

opinação #3


Obrigado por terem votado. Estes resultados são uma mera (mas interessante) curiosidade, pelo que as ilações que podemos tirar são à partida previsíveis.

Aqueles que contestam o investimento no turismo e outras políticas (e políticos) são os que têm voz mais ativa nos media, por exemplo no Facebook, o que nos dá a ideia de muita gente não gostar do atual executivo.
Na verdade a população no geral apoia Tozé Correia. Estou certo de que se eu entrasse pelos cafés esta sondagem ainda seria mais favorável à CDU.

Era muitas terras o PSD vai perder eleitores nas autárquicas em consequência da contestação ao governo, mas em Peniche esse efeito não é muito visível.
Temos no entanto 44% de abstenção (a somar à que nem votou nesta sondagem), o que pode significar uma grande contestação às medidas dos partidos locais ou talvez seja influenciada pelo desagrado geral com a classe política portuguesa. Pode descer caso a oposição resolva aparecer, o que não tem acontecido.

Note-se que os resultados ficaram muito próximos com os das últimas autárquicas (fonte: Marktest):
2009 11 Outubro


PCP-PEV
 44.08%
5 887
 4
PPD/PSD
 28.24%
3 771
 2
PS
 19.96%
2 665
 1
CDS-PP
 2.44%
326
  
B.E.
 1.88%                                                         
251
  
Brancos
 1.99%
266
  
Nulos
 1.42%
189
  
Votantes
 53.47%
13 355
  
Abstenção
 46.53%
11 623
  
Inscritos
                                                                                 24 978

sossego #7

cartaz cultural #1


Amanhã vai decorrer uma caminhada na zona da Barragem de São Domingos.
Estas atividades muitas vezes passam despercebidas, eu próprio só a descobri porque estava tão entediado com o estudo que me pus a ver as publicações das pessoas no Facebook do Peniche Online.

Portanto, aqui a divulgo para que a tomem em consideração.
Eu marcarei presença.

# daqui em diante, vou passar a divulgar mais sugestões de atividades catitas aqui no povoado.

14 de novembro, um mês depois



Faz hoje um mês que houve uma manifestação em frente ao Palácio de São Bento, a qual, como nos lembramos, acabou à bastonada.
Há uma coisa que eu dei como certa desde o início: a polícia deixou a tal meia-dúzia de canalhas apedrejá-la apenas para justificar perante a opinião pública qualquer excesso. Esta estratégia revelou-se um absoluto sucesso.
Vou citar o que um amigo meu publicou no Facebook, conquistando uns generosos (incluindo o meu) 50 gostos:

Não sou de fazer publicações no Facebook. Mas desta acho que é um dever tentar espalhar a mensagem ao máximo.Neste vídeo vê-se claramente a brutalidade e o desrespeito presentes no dia de ontem. Mas não por parte das forças policiais. Nao! Por parte do povo, ignorante e BURRO ao ponto de arremessar pedras e garrafas durante HORAS contra uma barreira policial ESTATICA!! Pessoas como estas mancham ainda mais a nossa sociedade. Pessoas como esta deviam ser castigadas com prisao! É contra pessoas como estas que devemos mostrar o nosso desagrado. 
A união faz a força sim! Mas por favor, não nos unamos com estas pragas que habitam no nosso país! Lutemos contra estes animais que teimam em manchar o nosso nome e o queimar aquilo que é nosso! É nosso direito protestar, mas é nosso dever reagir contra estes ataques irreflectidos! 
Saudemos os policias que estiveram durante horas a ser apedrejados por terem aguentados quietos tantas horas. Provavelmente poucos cidadãos comuns teriam a força mental para não reagir durante tanto tempo! 
Por vezes o maior inimigo é aquele que está mesmo ao nosso lado.

No entanto, tenho-me vindo a perguntar até que ponto é que toda a ação policial (incluindo a passividade perante o apedrejamento), que resultou em dezenas de feridos, não estaria desde o início programada e não seria o resultado de uma decisão política para inverter o aumento das manifestações do género a que temos assistido nos últimos tempos.

Daniel Oliveira fez uma análise aprofundada da reação policial:


No jornal [Correio da Manhã] surgem várias críticas ao Comando de Lisboa, vindas de responsáveis policiais, por se ter optado por esperar quase duas horas e depois se ter efetuado uma carga policial indiscriminada, que além de ter atentado contra a integridade física de uma maioria de manifestantes pacíficos, impediu que os agressores fossem detidos em flagrante, dificultando a sua merecida punição judicial. Segundo fontes policiais do "CM", era perfeitamente possível "uma contenção imediata do fenómeno, com prova consolidada para os principais agressores - evitando-se aquela extensão de confrontos".


Disse o ministro [Miguel Macedo] que as provocações - que existiram - eram obra de "meia dúzia de profissionais da desordem". Se eram meia dúzia (facilmente identificável depois de uma hora e meia de tensão), porque assistimos a uma carga policial indiscriminada, que varreu, com uma violência inusitada e arbitrária, tudo o que estava à frente? Porque foram agredidos centenas de manifestantes pacíficos, só porque estavam no caminho, naquilo que, segundo a Associação Sindical da PSP foi a "maior carga policial desde 1990"? Conheço várias pessoas que, como a esmagadora maioria dos que ali estavam, não participaram em qualquer desacato. Não tendo sequer resistido a qualquer ordem policial foram, segundo os seus próprios relatos, espancadas pelas forças que deveriam garantir a sua segurança. Como é possível que tenham sido detidas dezenas de pessoas no Cais do Sodré e noutros locais da cidade, sem que nada tivessem feito a não ser fugir de uma horda de polícias em fúria e aparentemente com rédea solta para bater em tudo o que mexesse? Entre os detidos e os agredidos estava muita gente que, estando tão longe de São Bento, nem sequer tinha estado na manifestação ou sabia o que se passava. Como é possível que dezenas e dezenas de pessoas tenham sido detidas em Monsanto e na Boa Hora sem sequer lhes tenha sido permitido qualquer contacto com advogados, como se o País estivesse em Estado de Sítio e a lei da República tivesse sido abolida?

Quem passa aqui no blog sabe da minha passividade em relação ao OE 2013. No entanto, mesmo não concordando com a opinião pública vigente, para mim o direito à liberdade de expressão está acima de tudo.
Porque eu também já me manifestei em frente ao Parlamento (contra os cortes nas bolsas que iam tirar milhares de estudantes capazes mas sem meios do Ensino Superior) e por acaso dessa vez não houve arrastão policial. Mas, como cidadão de um país livre, mereço a garantia de que se me voltar a manifestar contra o governo (o que farei sempre que entender) saio a salvo e não a pingar sangue e a seguir vou para casa e não para uma esquadra.
Muito corajosa a reação do Herman ao suícidio de uma enfermeira em consequência de um telefonema de um programa de rádio.
Em vez de tomar partido de toda a contestação vigente, teve a humildade de reconhecer que ele próprio já foi o causador de muitas provocações bem mais graves.
E não mostra falsos arrependimentos.

Desconcertante o suicídio de uma enfermeira como reacção extremada a uma piada / partida que nem sequer foi de (muito) mau gosto. É como sair num dia de sol para mostrar o carro novo aos amigos, e na sequência de uma manobra menos ortodoxa, atropelar mortalmente um transeunte incauto. Inadvertidamente, também eu já terei ferido muita gente com os meus entusiasmos. Mea culpa. No entanto, levar a vida sempre a sério, usar uma constante máscara de enfado, e responder a todos os desafios com um "nem pensar" poderá reduzir os acidentes, mas condena-nos a definhar de tédio. A vida é um jogo, e quando apostamos forte há que estar preparado para todas as bancarrotas. Sobrevivem os teimosos e os resilientes.

uma pequena homenagem e um grande agradecimento

No seguimento deste post dos Amigos de Peniche, gostava de falar um bocado sobre o blog que pode ser considerado o suprassumo dos blogs aqui da terreola.
Foi nos anos de 2006, 2007 que comecei a frequentar a blogosfera penicheira.
Na altura o jornalismo local já não estava grande coisa e o Facebook ainda era coisa dos americanos. Os blogs, e os Amigos de Peniche em particular, eram a forma mais eficiente de falar de Peniche e dos nossos problemas.

Por duas vezes o autor do blog ajudou-me ao aceitar divulgar projetos em que eu estava metido: uma conferência sobre o Convento do Bom Jesus e o surgimento do nosso estaminé.
Sem essa preciosa ajuda, o impacto destas iniciativas teria sido muito menor.

Posto isto, espero que os Amigos de Peniche voltem depressa e em força.

colégios

Muitas vezes é-nos difícil perceber como é que os portugueses sempre pagaram os seus impostos e agora o país está como está. A culpa não é deste ou daquele político em específico, é de muitos. Nesta reportagem da TVI podemos perceber a ambiguidade entre o poder político e uma empresa que possui colégios privados.


Volto a dizer: a culpa do IVA a 23% na restauração, dos cortes nos subsídios e de toda a austeridade em que vivemos não é nem um bocadinho de Vitor Gaspar ou da Troika.
É de anos de corrupção descarada que desviaram milhares de milhões do dinheiro dos contribuintes, e pior do que isso, de um protecionismo que o estado ofereceu aos seus amigos que acabou por arruinar a economia.

post altamente impopular

Caro leitor, se usa o Facebook tem acesso às dezenas de textos carregadinhos de "gostos" que por lá aparecem a chamar nomes feios ao Gaspar e à Merkel.
Deixe-me mostrar-lhe um outro, que, espante-se, não é de extrema direita. A sério: não é de extrema direita. Limita-se a defender que pura e simplesmente não temos o direito de reclamar aos povos do mundo que se unam para pagar a nossa dívida.
Link!

PS: mais Expresso e menos Facebook e este país evoluía um bocadinho assim.

scouting #4 moinhos

Hoje vamos visitar os moinhos da península.
Começamos pelo que será um dos mais conhecidos e também o mais recente, datando de meados do século passado:


Andando um pouco para Sul, damos com as ruínas de um outro:




Este moinho pertencia ao extremo de uma área com vários moinhos seguidos, que foram registados nesta planta do início do século XIX:


Em 1832, concluiram-se as obras de uma fortificação, chamada Linha dos Moinhos, que contornava os diferentes edifícios:


Nesta fotografia do início do século passado, podemos ver os quatro moinhos da direita:



Atualmente só restam 3 moinhos:


Sendo que recentemente o segundo deles viu as construções à sua volta serem demolidas mas permaneceu de pé. Uma atitude louvável de vigia pelo património que suponho se poder atribuir à câmara.


O terceiro moinho foi convertido em residência. Note-se que tal como no segundo e em muitos dos moinhos que vamos ver, durante a conversão em habitação o telhado cónico foi transformado num com duas águas.


O próximo moinho localiza-se em frente ao hospital, num sítio antigamente conhecido por Alto da Macedónia, e tinha este aspeto em meados do século passado:


Atualmente, a autarquia está interessada na aquisição do terreno onde se situa para posterior recuperação e integração num jardim há já muito projetado que se estenderia do hospital até à fábrica da Ramirez. Neste caso em particular, a compra ainda só não ocorreu porque o proprietário não aceita o valor oferecido pela autarquia, no entanto qualquer obra nesta zona está embargada.



Fui procurar este moinho às plantas mais antigas que tenho, e em algumas delas, aparecem dois moinhos nesta zona:



Mas numa mais rigorosa, de 1798, os tais dois moinhos aparecem na zona correspondente ao atual hospital, pelo que podemos concluir que houve dois moinhos já desaparecidos nesta zona, e que este em concreto é posterior à criação deste mapa.


Existiu mais a Sul um outro chamado Moinho da Garavanha, que foi demolido para ser construída a antiga central elétrica.

Um moinho que passa bastante despercebido é que deu origem à capela-mor da igreja de Santana, conforme defende Fernando Engenheiro:

A porta que dá acesso à sacristia seria a porta principal do moinho, bem como a cinta saliente que tem na parte superior, no exterior, onde se supõe que trabalhasse o carreto. Serve este invento (peça de madeira formada por duas rodas) para virar o moinho conforme o vento.


A partir da sua adaptação para presbitério, foi fácil que para complementar o edifício se tivesse acrescentado para a frente o corpo principal, que possivelmente é o atual.
Esgotei todas as fontes de documentação onde pudesse encontrar alguns elementos relacionados com esta casa de oração. Dos elementos mais antigos, foi-me possível encontrar registado no livro de enterramentos da igreja de São Sebastião (Nº Sra. da Conceição) de 1595, fls 22V  - Fernão Dinis, ermitão, que foi de Santa Ana, faleceu na sua casa na era de 13/7/1622.

O próximo moinho a visitar chama-se Moinho da Fialha e data de meados do século XIX, aparecendo nesta foto de 1983 de António Jesus Lourenço:


Há quatro anos foi mandado recuperar pela câmara (ver comentários) e entregue à CERCI.


Um slideshow sobre a recuperação do moinho:


Descendo, encontramos os Moinhos de São Marcos:




Segundo algumas plantas do século XVIII, os primeiros a ser construídos (não sei em que altura) foram os dois anteriores e um no bairro do Visconde, a que se seguiram outros dois:




Nesta última planta, de 1798, aparecem já cinco moinhos, situação que ainda se mantinha em 1938:


A realidade hoje em dia é algo diferente, visto que o moinho do meio foi mandado demolir pelo meu pai. Pertencia ao meu bisavô, Manuel Farto, e depois da sua morte, os herdeiros quiseram vender o terreno. De forma a valorizá-lo para construção (de forma a que qualquer licenciamento não levantasse restrições devido ao património edificado) resolveram deitá-lo abaixo. O entulho daí resultante e as suas fundações ainda se encontram no local.


O leitor mais atento pode invocar que esta é daquelas atitudes que eu tenho vindo a condenar no blog. No entanto, com a constante destruição de património para lucro de uns poucos, eu tenho perdido aquilo que como penichense me também pertencia. Mas este caso é diferente. Sim, os penichenses perderam património, mas eu, ainda que indiretamente, ganhei uns trocos à conta disso. Não podem ser sempre os outros a lucrar com a destruição dos bens comuns.


Nesta foto do início do século XX, esse moinho aparece do lado esquerdo da foto. O do lado direito teve também o mesmo destino, para bem de uma outra família qualquer. Este retrato antecede a época em que diversas famílias de pescadores, oriundas principalmente da Nazaré, vieram habitar esta zona de Peniche, instalando-se em barracões de madeira, que depois deram lugar às casas coloridas que hoje conhecemos, numa das quais (nem tão colorida assim) foi integrado o moinho que aparece em primeiro plano.


Os moinhos valorizam bastante a malha urbana. Têm formas redondas, por oposto às faces planas que fazem parte de quase tudo o que há numa cidade.
Atualmente, temos dez moinhos na cidade, dos quais só um tem o equipamento original (do Forte da Luz) e só um está em condições de trabalhar (da Fialha).
Se sou capaz de a criticar, também devo dizer que pelo que tenho visto a conduta da autarquia nesta matéria tem sido exemplar (pelo menos desde que emprestaram ao meu pai um bulldozer para demolir o nosso moinho).
A verdade é que não vale a pena uma pequena cidade como a nossa estar a gastar balúrdios a devolver moinhos ao estado original. Reaproveitar os que estão em maior risco de colapso para casas de habitação (seja por iniciativa pública ou privada) seria uma forma de preservar e tirar partido do património sem grandes encargos para o estado.